Rir é coisa séria

Por Pedro Ferreira

No princípio era o meme, a graça estava conosco e ela parecia boba. Fizemos piadas, enticamos com sarro e atentamos como plateia. Então, o engraçado se fez sério, montou um corpo tosco e se instalou na violência. O que era inofensivo se esgueirou entre o permissivo, fez coro e ressoou – o palhaço deixou de fazer rir e quis ser dono das risadas.

Freud utilizou o conceito de “chiste” pare descreveu a seriedade que pode estar contida entre a brincadeira e a verdade. Percebeu que o gracejo ou deboche que faz rir é uma possibilidade de contar o que não se diz. A pretensão da graça ameniza o que oprime na fala. Quem diz se expõe enquanto quem graceja tenta.

Deadpool, um personagem de quadrinhos criado em 1991, mas popularizado no cinema em 2016, utiliza duas máscaras – uma de pano (que o esconde) e outra de piada (que o protege). Ele é uma sátira sobre tudo aquilo que os super-heróis recusam ser sendo quem são. Wade Wilson (Deadpool) é o homem que cedeu à tentação de acreditar em si como quem se leva a sério. Porém, ainda que faça rir, suas piadas não amenizam as dores que causa.

Sobre qual personagem você gostaria de falar aqui?

 

*Pedro Ferreira é psicólogo e músico.

 

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