O maior erro de Donald Trump foi não ter lutado a Guerra Cultural?

Por Camilo Calandre

A esquerda americana e global, desde 2017, emplacou marcas e produtos culturais como “Now United”, Tik Tok, seriados e filmes com temáticas progressistas no Netflix, PrimeVideo; Programas de Auditório com temáticas minoritárias e em 2020, com a Covid-19, manipulou de vez a cabeça de jovens e o cidadão médio.

Se Trump tivesse seguido o exemplo de Reagan, investido no cinema e na cultura de entretenimento exaltando estórias, valores e sentimentos patrióticos, tradicionais (como faz o cinema iraniano), com certeza equilibraria as narrativas culturais e a situação seria totalmente outra.

Reagan, nos anos 80, trouxe o sentimento americano para a comunicação de massa, por ter sido ator e ter convivido com produtores e agentes, conseguiu construir uma identidade cultural com o povo norte-americano.

Estamos falando de cultura, comunicação e seus produtos, quem domina essas ferramentas, conduz a sociedade.

A questão em si é: Arte se mistura com Cultura? A Arte é uma verdade absoluta, constrói valores eternos e se enraíza na sociedade de forma propositiva e honesta.

A Cultura, por sua vez, é um processo ideológico e de comunicação, gerando produtos contextuais e superficiais, fadada ao fracasso por si só, pois é temporal e submetida a diversas engenharias sociais para se atingir um determinado público, para determinado fim.

Trump, pelo visto, não trabalhou nem um dos dois conceitos. Reagan, por sua vez, valorizou a produção artística norte-americana, trazendo para a comunicação de massa todo esse trabalho. Vejamos que os anos 80 foram os anos dourados do Metropolitan Ópera House, assim como a expansão da formação artística de extrema qualidade, na mesma medida em que Hollywood lançava Rocky Balboa, Rambo, entre tantos outros produtos de entretenimento enraizados no sentimento patriótico.

No Brasil, para não cometermos os mesmos erros, é necessário resgatar todo o trabalho artístico de nossos singulares expoentes, tanto na esfera da Grande Arte, quanto nas Artes Populares, como fizeram Martius e Spix no século XIX, o que proporcionou ao nosso país construir nossa própria linguagem artística.

À cultura, enquanto mecanismo de comunicação, compete um minucioso trabalho na tradução dessas singularidades artísticas em produtos culturais que se comuniquem diretamente com o Povo Brasileiro, nas mais distintas regiões.

No momento, a indústria da cultura domina todas as ferramentas de comunicação de massa, pois para isso foi pensada e criada, sendo utilizada como norteadora da nossa sociedade.

Devemos ter, por tanto, um posicionamento crítico diferenciando a Arte de Produtos Culturais, pois são como água e óleo, não se misturam. Enquanto a Arte constrói valores atemporais e com fortes vínculos com as pessoas, a cultura, na sua complexidade, constrói valores contextuais e é usada como massa de manobra social.

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