segunda-feira, abril 28, 2025
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Como trazer a beleza da arte ao cotidiano?

 

Por Carolina Agnelli*

 

A arte nos ensina a olhar o mundo como o olhou o artista. O bom artista sempre tenta trazer aquilo que é universal e eterno em suas obras, e suscitar as emoções que nos leve até o bem ou nos afaste do mal. É na arte que encontramos a catarse, ou seja, o alívio dos problemas cotidianos, a sensação de que está tudo bem, tão difícil de encontrar em meio às preocupações do dia a dia.

Uma das emoções mais importantes que a arte pode suscitar é aquela associada à captação de algo belo: traz consolação, alegria, alívio de estar diante de algo ordenado. Por meio das formas pictóricas, a arte constrói o belo, e dela podemos tirar diversas lições de combinações, harmonia, estilo, impressões… Assim vamos construindo o nosso gosto, refinando nossas referências.

Essa construção do gosto deve ser aplicada também nas nossas escolhas pessoais. De alguma forma, o belo é também intuitivo (ou seja, não precisa de grandes racionalizações), e quanto mais referências temos de coisas belas, mais vamos conseguindo nós mesmos escolher aquilo que é belo.

Deve-se tirar da cabeça que belo e fútil são coisas similares. A beleza não é fútil, não é superficial, ela é como a verdade: nosso coração a procura naturalmente, e por meio dela expressamos nossa personalidade, nosso ser, nosso amor pelos outros e muito mais. Temos a mania de colocar a utilidade em primeiro lugar, levando a beleza como algo supérfluo, coisa de uma intenção mesquinha, mas não é assim. O belo é necessário ao nosso ser, faz parte da nossa natureza humana, pois Deus possui toda Beleza e Proporção e ele nos criou a sua imagem e semelhança, também nós somos chamados a uma beleza plena. Ao escolher artigos pessoais para a casa, ao escolher que música vamos ouvir, como vamos servir uma comida, como vamos colocar uma frase aos outros, a beleza deve ser uma preocupação importante. Fazer as coisas de forma bela, a partir do nosso gosto, deve ser prioridade. Para conseguir alcançar um gosto maduro e estruturado, precisamos ter uma boa bagagem de referências belas, tanto da natureza quanto da arte. A arte em relação ao belo é ainda mais especial do que a natureza, pois está em sua finalidade ser bela, enquanto a finalidade da natureza é outra.

Então, para trazer a beleza da arte ao cotidiano, precisamos educar nosso gosto por meio da boa arte em primeiro lugar, e depois colocar esse bom gosto em todas as nossas escolhas, sem ter a impressão de que é algo mesquinho ou supérfluo, mas antes sabendo que a busca pelo belo está em nossa natureza humana, e sem ele não somos plenamente nós mesmos.

 

*Carolina Agnelli é especialista em Filosofia da Arte, Estética e História da Arte.
Para conhecer mais sobre seu trabalho acompanhe seu Integram e canal no Telegram.

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